Foto: Warner/ Divulgação
Recife Exploitation Festival é uma mostra dedicada a filmes apelativos produzidos principalmente entre as décadas de 1960 e 1980 para serem exibidos em cinemas de bairro. São longas-metragens considerados de baixa qualidade pela crítica, mas que se tornaram cultuados pela crítica e viraram clássicos, recentemente revalorizados por cineastas contemporâneos como Quentin Tarantino e Robert Rodriguez.
"Exploitation vem da palavra exploit, que significa explorar", explica Osvaldo Neto, organizador da mostra: "A grande maioria desses filmes é feita de olho em tendências. Não há limites para as doses de sexo, drogas, violência, sadismo e insanidade. Eles quebraram convenções, desafiaram o sistema e falaram de temas tabus sem rodeios."
A programação tem filmes do México, EUA e Itália, projetados desta segunda até a próxima sexta, às 19h, na Sala João Cardoso Aires (Fundação Joaquim Nabuco, rua Henrique Dias, 609, Derby). Na abertura, será exibido Super Fly, um dos principais representantes da Blaxploitation (subgênero ligado à cultura negra), famoso pela trilha sonora assinada por Curtis Mayfield.
PROGRAMAÇÃO (com sinopses enviadas pela organização)
SEGUNDA-FEIRA - 17 Junho
19h
LANÇAMENTO DO LIVRO
"Cemitério Perdido dos Filmes B: Exploitation"
19h30
SUPER FLY
(1972)
Um dos mais influentes e admirados títulos do cinema Blacksploitation americano, realizado na esteira do sucesso de SHAFT (1971) de Gordon Parks, pelo filho deste, Gordon Parks Jr., em sua estréia como diretor. Mas enquanto Shaft era um policial, o protagonista de SUPERFLY é um carismático criminoso. Interpretado por um inspiradíssimo Ron O'Neal (ator que ficou eternamente marcado pelo personagem), Priest é um traficante de drogas que sente que a sua boa vida está chegando ao fim. Se Priest continuar no ramo, ele terminará morto ou preso. Portanto ele bola um plano para ganhar muito dinheiro em pouco tempo e se aposentar. O porém é que deixar a vida das ruas não será tão fácil quanto Priest imagina.
DVD, legendado em português, 93 minutos.
----------------------------------------------------------------
TERÇA-FEIRA - 18 Junho – 19h
THE STREET FIGHTER
(1974)
Poucos personagens são tão cascas grossas quanto Terry Tsurugi. E poucos atores convenceram tanto em um desses papéis quanto Sonny Chiba. Terry é um perigoso mercenário expert em artes marciais que tem o prazer de espancar gente no café da manhã. E por mais que o seu ator mande ver nas caretas, o espectador segurará o riso quando notar que o sujeito não é muito fã de brincadeiras. A trama - que envolve o sequestro da filha de um falecido milionário - não passa de uma desculpa esfarrapada para Tsurugi passar o filme inteiro descendo a mão nos imbecis que tiveram a péssima idéia de ferrar com ele. Um dos longas favoritos de Quentin Tarantino que homenageou o filme e seu intérprete de Terry Tsurugi não uma, mas duas vezes: a primeira em seu roteiro para AMOR À QUEIMA ROUPA de Tony Scott onde vemos o protagonista assistir a esse longa numa cinema de quinta categoria e a segunda quando escalou Chiba para fazer uma honrosa participação especial em KILL BILL. O esmagador sucesso mundial de THE STREET FIGHTER gerou duas continuações e uma série 'spin-off' SISTER STREET FIGHTER que conta com quatro (!!!!) filmes.
DVD, legendado em português, 91 minutos.
---------------------
QUARTA-FEIRA - 19 Junho – 19h
O VENTE NEGRO DA TARÂNTULA
(1971)
Essa produção de Marcello Danon não desapontará os fãs de um bom Giallo. O VENTRE NEGRO DA TARÂNTULA tem absolutamente tudo que se pede de um bem sucedido exemplar do subgênero: um sádico assassino que sempre aparece vestido com chapéu, sobretudo e luvas amarelas cuja identidade apenas será revelada no final; MUITA nudez feminina; uma inspirada trilha sonora e uma fotografia que tem a obrigação de ser excelente para contar a história de um protagonista obcecado que se envolverá em um caso que é bem mais complexo do que aparenta ser. Giancarlo Giannini interpreta o inseguro policial que investiga os cruéis assassinatos de um psicopata que utiliza-se da acupuntura para fazer com que suas vítimas - todas mulheres, sem exceção, conforme a cartilha do estilo - continuem vivas no momento em que ele rasga as suas barrigas com uma faca. Destaque para a presença de não uma, nem duas, mas três 'Bond Girls' que embelezarão a já rica experiência visual de se assistir ao longa: Claudine Auger, Barbara Bach e Barbara Bouchet. É essa última que protagoniza a inesquecível sequência de abertura, onde vemos o seu corpo nu sendo massageado ao som de um marcante tema composto pelo genial Ennio Morricone. São menos de 5 minutos que contém mais erotismo do que filmes inteiros dedicados ao gênero.
DVD, legendado em português, 97 minutos.
-------------------------------------------
QUINTA-FEIRA - 20 Junho – 19h
HASTA EL VIENTO TIENE MIEDO
(1968)
Pérola do horror mexicano que ainda continua um tanto desconhecida no Brasil entre os admiradores do gênero, assim como o seu realizador Carlos Enrique Taboada, HASTA EL VIENTO TIENE MIEDO não investe em bizarrices, 'luchadores' e monstros de borracha, mas sim na construção de uma sombria atmosfera gótica que não fica a dever aos melhores filmes do italiano Mario Bava e as obras primas de Terence Fisher para a Hammer, produtora britânica que revitalizou o cinema de horror nos anos 60. HASTA EL VIENTO TIENE MIEDO tem o seu foco em um grupo de garotas que investigam estranhos acontecimentos ocorridos no colégio interno do qual elas são estudantes. Refilmagens desnecessárias não são exclusividade de Hollywood e esse filme também ganhou uma delas realizada no seu próprio país de origem em 2008, 40 anos depois do lançamento do longa original.
DVD, legendado em português, 88 minutos.
-------------------------------------------
SEXTA-FEIRA - 21 Junho – 19h
BANQUETE DE SANGUE + (Filme surpresa)
Existe uma infrutífera disputa entre os admiradores do norte-americano Herschell Gordon Lewis e do nosso José Mojica Marins a respeito de qual dos dois seria o maior pioneiro no uso da violência explícita no cinema. Ambos tem a sua fundamental importância e ambos tem uma proposta que se mostra radicalmente contrária a do outro. Enquanto Mojica utiliza-se dela para causar um desconforto psicológico no espectador, Lewis utiliza-se dela para causar um desconforto gerado pelo excesso e pelo - assumido - mau gosto. E foi com BANQUETE DE SANGUE que Lewis e o produtor David F. Friedman escreveram seus nomes na história do Exploitation ao criar o primeiro filme 'Gore' da história, repleto de inépcia, imaginação, diálogos hilariantes, péssimas atuações e muita, mas muita cara de pau. Resumindo: um dos filmes mais obrigatórios de toda a mostra.
DVD, legendado em português, 67 minutos.
Fonte: Pernambuco.com