Foto: Annaclarice Almeida
As mudanças na paisagem do Bairro do Recife pode ficar além da prevista no projeto de requalificação da área não-operacional do porto. Para aumentar seu vínculo espacial com o bairro, o museu e complexo cultural Cais do Sertão Luiz Gonzaga, que está sendo construído no local do antigo armazém 10, pode exigir ajustes que vão da mudança do perfil de vias à demolição de estruturas do entorno. Os responsáveis técnicos pelo projeto do museu querem transformar um trecho da Avenida Alfredo Lisboa num grande calçadão prioritário para pedestres. Também está nos planos derrubar o muro da Torre Malakoff para integrá-la mais ao novo equipamento e ao bairro. As propostas seriam executadas a médio prazo, já que a primeira etapa do museu será inaugurada em 13 de dezembro. A segunda etapa, que compreende um centro cultural, deve ser entregue no fim de 2014.
A ideia de retirar o muro partiu da equipe de arquitetos que projetou o Cais do Sertão. Eles acreditam que formará um grande pátio onde as pessoas poderiam circular sem barreiras. Para isso, seria preciso transformar um trecho da Alfredo Lisboa em plano único, uma espécie de rambla ou rua que se assemelha a um calçadão. Seriam permitidos veículos, mas em baixíssima velocidade. "Estamos conversando com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e não há nada formalizado ainda. Queremos conquistar espaços, do ponto de vista urbanístico, e pensamos que a torre não precisa mais do muro que servia para a sua defesa", explicou o arquiteto Marcelo Ferraz, da Brasil Arquitetura, responsável pelo projeto.
Ainda dentro da proposta de descortinar a Malakoff para o mar, continua de pé a intenção do Porto do Recife de derrubar o prédio ao lado da torre, hoje sede da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. "Até isso virar realidade há um longo caminho, já que a área tem rigorosos controles de patrimônio e meio ambiente", ponderou o presidente do porto, Rogério Leão. Enquanto isso, a administração do porto cuida da urbanização da Alfredo Lisboa no trecho entre o novo terminal de passageiros e a antiga ponte giratória. No lado do porto, estão sendo feitas calçadas e ciclovia e implantada nova iluminação pública.
Inovação
Quando os dois módulos do museu estiverem prontos, os visitantes terão acesso a elementos da cultura e da arquitetura nordestina. O museu é todo sustentado por concreto pigmentado em ocre, novidade nesse tipo de estrutura. O prédio que está sendo construído para abrigar o centro cultural também será revestido por 2,2 mil peças, cada uma com 120 kg, de cobogós, invento pernambucano. As peças vazadas fazem referência ao chão rachado da Caatinga e já se tornaram marca do museu. Um juazeiro foi transplantado para a entrada do museu, onde haverá um espaço de convivência e contemplação. A estrutura física e o conteúdo dos módulos estão sendo orçados em R$ 97 milhões. Os recursos são dos governos estadual e federal.
Longe de sair do papel
Enquanto o museu toma forma, os demais equipamentos do projeto de revitalização do porto não têm data para saírem do papel. O módulo de escritórios, o festival center, o hotel, a marina e o centro de convenções, todos de responsabilidade da iniciativa privada, aguardam concessão de licenças da prefeitura. Segundo a Porto Novo Recife S/A, os projetos foram protocolados em maio de 2012 na PCR.
A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) informou que os projetos dos armazéns 9, 12 e 13 são analisados pela Gerência Regional, passam por estudo de impacto na Secretaria Municipal de Meio Ambiente e seguem para a CTTU. Já em relação aos armazéns 16 e 17 e à área do antigo prédio da Conab, o processo é mais longo. Os empreendimentos que serão construídos (hotel e centro de convenções) são considerados de impacto e precisam passar pela Comissão de Controle Urbanístico (CCU) e Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU). O sócio-diretor da Porto Novo Recife S/A, Romero Maranhão Filho, disse que, a partir da liberação das licenças, pode construir o festival center em um ano e o centro de convenções e o hotel em dois.
Fonte: Pernambuco.com