Rapazes com latas de spray coloridos na mão espirraram seu conteúdo no muro do Cemitério de Santo Amaro, área central do Recife. Resultado: o paredão de quatro metros de altura, que dá para a Avenida Mário Melo, recebeu cara nova. A partir de hoje, quem trafega ou transita pela via notará a diferença. A iniciativa faz parte de um projeto da Secretaria de Turismo e Lazer do Recife e pretende estender-se para outros pontos da cidade, a exemplo do Bairro do Recife.
Com 34 anos, Galo de Souza (ele não divulga o nome de batismo) foi o responsável por decorar o muro. Sua arte está espalhada pelos quatro cantos do mundo: lá longe, na Áustria, ou aqui pertinho, no Parque Dona Lindu. Como aos domingos e feriados a avenida faz parte da rota da ciclofaixa móvel, Galo produziu uma grafitagem voltada ao respeito no trânsito. “A prefeitura deixou que eu escolhesse o tema. Foi aí que pensei em fazer essa ligação com a ciclofaixa”, disse. Para o artista, que cresceu entre as áreas periféricas de Piedade (Jaboatão dos Guararapes), Várzea e Roda de Fogo, gentileza gera gentileza. “Se cada um fizer sua parte, teremos um trânsito melhor. Não falo só em relação a engarrafamentos. É necessário ter educação e saber tratar bem as pessoas que estão em outros veículos”.
De acordo com a gerente geral da Secretaria de Turismo, Ana Paula Vilaça Leal, a Prefeitura do Recife está realizando um estudo para implantar a ideia em locais como as pontes históricas da cidade, imóveis degradados, margens dos rios, tapumes de construções, entre outros. “O objetivo é colorir o Recife e evitar qualquer ação de vandalismo. Escolhemos a grafitagem por ser um forte movimento cultural na cidade e, principalmente, pela aceitação da população à ação. Temos interesse em integrar as expressões artísticas e despertar a curiosidade das pessoas”, informa. O investimento feito ficou em torno de R$ 6 mil.
Cemitério parece um local inesperado para uma arte tão alegre. A bancária Ana Maria dos Santos, 32 anos, passava pela avenida e disse nunca ter visto algo assim, mas que o trabalho deu um novo visual ao lugar. O vendedor Rogério Mário Pereira, 39, comenta que tinha “pavor” de olhar para o muro do cemitério, com medo de se “deparar com uma assombração”, mas que agora a paisagem ficou muito mais agradável. “Coloridão do jeito que ficou, dá diferença, sim”.
Fonte: Pernambuco.com