terça-feira, 3 de junho de 2014

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Exposição no Museu da Cidade do Recife mostra evolução urbana da capital

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Foto: Igo Bione/JC Imagem


Nos 218,4 quilômetros quadrados do Recife, boa parte da população tem um endereço postal para chamar de seu. E também um cantinho que frequenta sem morar, pela ligação sentimental mantida com o lugar. O Teatro de Santa Isabel é o endereço afetivo da artista Mariane Bigio, a praia de Brasília Teimosa é o refúgio do motorista Adriano Gomes e o prédio da Assembleia Legislativa, com o Rio Capibaribe ao fundo, é a paisagem que acolhe a alma do sociólogo João Henrique Nunes.

Foi na frente do Santa Isabel, teatro inaugurado em 1850 na Praça da República, no histórico bairro de Santo Antônio, que Mariane se plantou para fazer a selfie do seu pedacinho preferido na capital pernambucana, atendendo a um pedido do Museu da Cidade do Recife. Desde o mês passado, o autorretrato de Mariane compõe a exposição Recife em Cantos, em cartaz no museu até 2015.

“Sou poetisa e cordelista, o Teatro de Santa Isabel está ligado à minha profissão. É um palco democrático, porque da mesma forma que recebe grandes espetáculos, como óperas e sinfônicas, abre espaço para eventos da cultura popular, como violeiros e repentistas”, declara a artista, que se apresentou mais de uma vez no local, com encenações voltadas para a literatura.

A proposta lançada pelo museu é: escolha um local do seu bairro, que você considera um monumento, e faça um autorretrato, incluindo a paisagem eleita. O sociólogo João Henrique Nunes nem pensou duas vezes. Sapecou a câmera, postou-se na janela do apartamento onde mora há 42 anos, na Rua da União, na Boa Vista, e clicou o Palácio Joaquim Nabuco, construção de 1875, no estilo arquitetônico dórico-romano.

“Todos os dias acordo e vejo essa paisagem, mas ela nunca fica velha. Quanto mais olho, mais gosto. A composição da Assembleia com o rio, o Ginásio Pernambucano e o Santa Isabel é muito bonita. A paisagem nunca mudou, nesses 42 anos, e faço votos que permaneça assim”, comenta o sociólogo. Ele também compartilhou a selfie com o museu.

Motorista e manobrista Adriano Gomes, morador de Brasília Teimosa, na Zona Sul, fez seu autorretrato na praia conhecida como Buraco da Velha. “É aquele trecho perto dos arrecifes, no caminho para o Parque de Esculturas de Francisco Brennand. Um lugar lindíssimo, com piscinas naturais, onde tomei meu primeiro banho de mar”, recorda.

As fotos dos moradores são projetadas na parede. “Recebemos cerca de 40 selfies e continuamos abertos às colaborações” diz a diretora do museu, Betânia Corrêa de Araújo. Os interessados em participar podem enviar o autorretrato (sem esquecer de incluir o monumento na foto) para o endereço eletrônico museucidaderecife@gmail.com ou entregar diretamente na sede do museu, instalado no Forte das Cinco Pontas.
A mostra Recife em Cantos – legendada em português e inglês – traça um panorama da evolução da cidade desde a fundação, em 1537, até os dia atuais, com mapas, ilustrações, fotografias, objetos (tijolos e fragmentos de cachimbos holandeses, telhas e azulejos portugueses), e vídeos.

Impossível não se impressionar, no espaço dedicado ao século 19, com duas imagens comparativas do Recife, um desenho de 1855 e uma foto de 2014, feitas do mesmo ponto: o topo da Igreja do Divino Espírito Santo, na Praça Dezessete, bairro de Santo Antônio.

Desse ponto, em 1855, se via a torre do Convento Franciscano de Santo Antônio (Rua do Imperador), o Teatro de Santa Isabel e o Rio Beberibe vindo de Olinda. Agora, não mais. Para saber o que mais as imagens revelam/escondem só indo ao museu, que fica aberto de terça-feira ao sábado, das 9h às 17h, sem cobrança de ingresso.

Fonte: Jc Online


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