Cheiros, sabores, saberes. Partindo do pressuposto de que culinária e ser humano mantêm íntima relação desde os primórdios, acredita-se que os alimentos estão visceralmente ligados a cultos religiosos, a festividade, a implicações mágicas, a simbologias, a tabus e superstições. A finalidade não é só alimentação, é, sobretudo, a recorrência a tradições e rituais.
O ciclo junino apresenta uma culinária com características bem típicas, e se espalha por todo o país com intensidades diferentes. No nordeste, coincide a culminância da colheita do milho, plantado três meses antes, nos festejos de São José. Portanto, o cardápio das festas juninas não pode passar sem o cereal, consumido em múltiplas apresentações: assado, cozido na água e sal, sob a forma de bolo, de canjica, de pamonha.
Nativo do continente americano, o milho foi alimento básico dos astecas, incas e maias. Seu registro remonta a 7 mil anos, quando retratado em velhas pinturas cusquenhas, no templo do sol (coricanha) e até mesmo num túlmulo de uma divindade da agricultura - sechura - que parece segurando haste de milho, imitando um cetro. O cereal também esteve presente nos relatos da primeira expedição de Colombo, em 1942: "sua espiga era semelhante, na aparência, ao sogro que conhecemos na África, na Índia e na China; mas seu gosto é muito melhor".
O dinanismo cultural e a oralidade foram os veículos de transmissão dos conhecimentos que levaram milhares de africanos e seus descendentes a transformar receitas cotidianas e o cardápio votivo, adaptando os procedimentos artesanais do cozinhar, os ingredientes e os temperos, de acordo com a nova realidade. Assim foram criando novos jeitos de preparar o milho, atribuindo-lhe novas funções. Juntaram os ingredientes que lhes eram permitido usar - açúcar mascavo, leite de coco, mandioca. Da fusão de experiências indígenas, africanas e européias acabou se formando uma culinária de São João. Assim, foram surgindo pamonhas, canjica, angu, mungunzá, bolos, cuscuz etc. Entretanto, o menu de São João não se restringe ao milho. O pé-de-moleque feito com castanhas e cravo-da-índia torrado e moído, o bolo de macaxeira, o bolo de mandioca, são iguarias que comprovam isso.
No Recife, muitas dessas guloseimas são vendidas nas ruas e feiras, em barracas nas frentes das casas, nos mercados públicos, entregues em domicílio e ainda em bares e restaurantes regionais; não só no período junino, mas durante o ano todo.
Bolo de Milho (Receita)
Ingredientes
- 1 lata de milho verde com a água
- 1 lata de leite condensado
- 1 colher de sopa de margarina
- 1 pacote de coco ralado
- 1 colher de sopa de pó royal
- 2 copos de trigo
- 2 ovos inteiros
Modo de Preparo
- Bata todos os ingredientes no liquidificador, menos o pó royal
- Coloque o conteúdo em uma tigela adicione o pó royal mexa muito bem
- Unte uma forma coloque a massa leve ao forno para assar por 35 minutos
Fonte: Cartilha do Ciclo Junino 2008 / Prefeitura do Recife
Receita: Site Tudo Gostoso